Gálatas
Capítulo 5

  • A Liberdade em Cristo
  • 1. Firmemo-nos, portanto, na liberdade com que Cristo nos libertou; não nos submetamos outra vez ao jugo da escravidão. Gl 5:1
    A palavra “liberdade” é enfatizada por sua localização na frase original grega, e revela nossa total independência do jugo da Lei. No grego clássico, o verbo “sujeitar” significava “viver imobilizado por uma rede”, ou seja, emaranhado pelos poderosos laços das exigências rigorosas das leis judaicas, a fim de conseguir o favor de Deus (Atos 15.10,11).
  • 2. Eis que eu, Paulo, vos declaro, que se vós vos circuncidardes, de nada vos servirá Cristo.
  • 3. E testifico novamente, a todo homem que for circuncidado, ele está obrigado a observar toda a lei.
  • 4. Cristo torna-se sem efeito para vós que procurais a justificação pela lei; vós decaístes da graça. Gl 5:4
    A expressão “cair da graça”, nesse contexto, significa que alguns cristãos, entre os gálatas, optaram por (seguindo o pensamento judaizante) conquistar o favor divino pelo esforço próprio (mérito), ao tentarem cumprir, de forma legalista, as ordenanças da Lei; em vez de, humildemente, reconhecerem a pecaminosidade e impotência humanas, e aceitar o dom gratuito de Deus por meio de Cristo, que é a Salvação (2Pe 3.17).
  • 5. Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça pela fé. Gl 5:5
    Os gálatas haviam sido enredados por um pensamento teológico falso, de que o cristão só obteria completa salvação se observasse toda a Lei, as datas e comemorações santas do calendário judaico e praticasse os tradicionais rituais religiosos, como a circuncisão. Paulo faz uma afirmação escatológica, ao asseverar que o veredicto final de Deus sobre o cristão (“absolvido!”) já nos foi outorgado em Cristo (ele pagou nossa cara fiança), e que essa decisão irrevogável e eterna de Deus está confirmada (selada) pela presença do Espírito Santo na vida de cada convertido. Paulo afirma que é o Espírito quem nos apresentará diante de Deus, pe/neitos na justiça de Cristo (Gl 3.3; Ef 1.13).
  • 6. Porque, em Jesus Cristo, nem a circuncisão nem a incircuncisão valem de nada, mas sim, a fé que opera pelo amor. Gl 5:6
    Paulo não se opunha a que os judeus-cristãos continuassem a guardar a Lei e as tradições judaicas como seus pais. Entretanto, não podia admitir que os gentios fossem obrigados a cumprir os rituais judaicos (Atos 21.10). Paulo ensina que não é a raça, tradição ou qualquer prática religiosa que conduz à salvação e aos favores de Deus, mas a fé no amor operoso de Cristo, o Filho de Deus (Rm 5.8; 8.32). O rito em si, tanto da circuncisão como de qualquer tipo de batismo, não tem valor justificador diante de Deus (1Co 10:1 -12). A fé não é simples assentimento intelectual, mas confiança viva e responsiva na graça do Senhor; a verdadeira fé se manifesta em amor prático (1Co 7.19; 1Ts 1.3).
  • 7. Corríeis bem; quem, pois, vos atrapalhou para não obedecêsseis à verdade?
  • 8. Esta persuasão não vem daquele que vos chama.
  • 9. Um pouco de fermento leveda toda a massa. Gl 5:9
    Paulo cita um provérbio muito conhecido, e várias vezes mencionado por Jesus para ilustrar o efeito difusor do judaísmo. Quando a palavra “fermento” é usada de forma simbólica nas Escrituras, representa a iniqüidade ou falsidade (Mc 8.15), com exceção de Mt 13.33.
  • 10. Tenho confiança em vós, por meio do Senhor, que de maneira alguma mudareis de opinião; mas aquele que vos perturbar será julgado por isto, seja quem for.
  • 11. E eu, irmãos, se ainda prego a circuncisão, por que, então, ainda sofro perseguição? Assim, a ofensa da cruz teria cessado.
  • 12. Bom seria que fossem cortados, aqueles que vos pertubam. Gl 5:12
    A expressão grega usada por Paulo, originalmente, é mais forte, e significa literalmente “cortar fora”. Em Fp 3.2, o apóstolo emprega um verbo correspondente em referência a uma pessoa em situação semelhante à “falsa circuncisão”, ou literalmente “mutilação”. Fica assim muito clara a ironia usada por Paulo nesse sentido.
  • 13. Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Apenas não useis da liberdade para dar ocasião à carne, mas para servir uns aos outros em amor.
  • 14. Porque toda a lei é cumprida em uma só palavra, mesmo nisso: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Gl 5:14
    Paulo ensina que temos toda a liberdade de fazer o bem, como é próprio do verdadeiro crente que ama a Deus, e demonstra essa adoração ao Senhor por meio de atitudes práticas para com todas as pessoas à sua volta (Lv 19.18). Evidentemente, como cristãos, não nascemos de novo para sermos licenciosos, ou seja, nos entregarmos à prática do mal (Rm 6.1; 1Pe 2.16).
  • 15. Mas se vos mordeis e vos devorais uns aos outros, vede que não acabeis por vos destruirdes uns aos outros.
  • Vida pelo Espírito
  • 16. Isto vos digo: Andeis no Espírito, e não satisfareis os apetites da carne.
  • 17. Porque os anseios da carne se opõem aos do Espírito, e os do Espírito contra os da carne, pois opõem-se mutuamente, a fim de que não consigais fazer o que quereis.
  • 18. Porém, se deixardes que o Espírito vos guie, já não estais sob a lei.
  • 19. Ora, as obras da carne são manifestas e aqui estão: Adultério, fornicação, impureza, lascívia,
  • 20. idolatria, feitiçaria, ódio, discórdia, rivalidade, ira, po/nia, rebeliões, heresias,
  • 21. invejas, homicídios, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. A respeito dessas coisas vos falo, como já vos falei outrora, que os que as praticam não hão de herdar o Reino de Deus.
  • 22. Mas o fruto do Espírito é: Amor, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fé,
  • 23. brandura, temperança; contra essas coisas não há lei.
  • 24. Pois aqueles que são de Cristo já crucificaram a carne com as paixões e concupiscências.
  • 25. Se vivemos pelo Espírito, andemos também no Espírito.
  • 26. Não sejamos ávidos da vanglória, provocando uns aos outros, invejando uns aos outros.